projetos dentro e fora da gaveta

Conheça o projeto do transporte rápido que (até agora) não saiu do papel

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário) 

Qual a importância de pensar o futuro de Santa Maria? A pergunta retórica veio no dia 1º de janeiro de 2006, quando o então prefeito Valdeci Oliveira (PT) criou o Escritório da Cidade. Segundo o texto da lei municipal, ele tinha "como principal objetivo assegurar a qualidade de vida, a justiça social e o desenvolvimento das atividades econômicas, sempre observando as exigências fundamentais de ordenação e sustentabilidade da cidade".

A incumbência da autarquia era realizar o planejamento urbano a médio e longo prazo, com a elaboração de projetos completos, que iam desde os estudos técnicos até a realização de licitações. A demanda crescente de trabalho em concomitância com a falta de tempo para implementar projetos mais complexos, a longo prazo, fez com que uma reforma administrativa, em 2013, mudasse a organização do Escritório da Cidade. Nasceu, assim, o Instituto do Planejamento de Santa Maria (Iplan).

- Na época, talvez por sermos responsáveis por todas as ações, a gente brinca que era muito "fazejamento" e pouco "planejamento". Com a reforma administrativa, o foco principal foi no planejar - afirma o diretor do Iplan, Daniel Preyron, que está à frente da autarquia desde julho de 2018 e defende a necessidade de pensar a cidade de forma técnica, sustentável e em longo prazo para uma melhor qualidade de vida aos munícipes.

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Ao longo da semana, vamos abordar quatro projetos realizados pela autarquia. A seguir, confira a a concepção e o desfecho do projeto dos ônibus rápidos. 

Os veículos leves sob pneus (BRTs) 

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Imagem: Divulgação (Prefeitura) 

 Cerca de 20 quilômetros dividem os bairros mais distantes - e populosos de Santa Maria. A ligação entre Tancredo Neves e Camobi que concentram, juntos, cerca de 40 mil pessoas, sempre foi marcada por obras nas rodovias intensificadas pela Travessia Urbana, e, principalmente, pela demora do transporte coletivo para quem depende dele. Em 2014, o problema parecia estar perto de ser resolvido com uma ideia inovadora e eficaz para a mobilidade urbana da cidade: os Bus Rapid Transit (BRTs), ou, na tradução, ônibus rápidos.

A proposta foi desenvolvida pelo Instituto do Planejamento de Santa Maria (Iplan) e enviado ao que, à época, era o então Ministério das Cidades. Em julho de 2014, foi aprovada e, em uma reunião entre o ex-prefeito Cezar Schirmer (MDB), o então secretário de Planejamento do Estado, João Motta e o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, foi assinada uma portaria que autorizava a liberação de R$ 220 milhões para colocar o projeto em prática.

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O corredor dos BRTs teria 43,2 quilômetros de extensão, com 20 paradas ligando o Bairro Tancredo Neves ao campus sede da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com uma demanda estimada de 86 mil pessoas diariamente. A previsão era de que os veículos com capacidade para até 120 passageiros cada, poderiam realizar o trajeto em até 65 minutos por vias exclusivas e de alta velocidade.

Os recursos viriam integralmente do Orçamento Geral da União (OGU) e do fundo partidário, sem onerar os cofres públicos.

- Havia uma disponibilidade de recurso federal, então fizemos um estudo pautado no conceito de metrô de superfície, que é o mesmo do ligeirinho de Curitiba, que é um dos modelos mais inteligentes de transporte coletivo adotados no mundo - relata o diretor do Iplan, Daniel Pereyron.

Entretanto, com a grave crise nas contas públicas federais durante o governo Dilma Rousseff (PT), mesmo com todo o destaque que o projeto ganhou à época, ele não saiu do papel.

Plano Diretor 

Mesmo colocado no fundo das gavetas do governo federal, o estudo hoje é aproveitado para a elaboração do novo Plano Diretor de Mobilidade Urbana, necessário para posterior licitação do transporte coletivo na cidade. A empresa ProCidades, de Porto Alegre, contratada pela prefeitura no final de 2019, tem a incumbência de realizar um estudo detalhado para elaborar um novo plano diretor e, posteriormente, a tão prometida licitação do serviço. O custo é de R$ 275 mil para os cofres públicos.

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Segundo a prefeitura, no entanto, os trabalhos estão interrompidos devido à pandemia. Também estão previstas a realização de audiências públicas e estudos detalhados para a conclusão do projeto.

- O plano ainda não foi concluído e vai definir, na estrutura atual, se é possível implementar um BRT em Santa Maria ou qualquer outro tipo de veículo para ser utilizado nesse modal de transporte coletivo. Os projetos existem e, agora, estão sofrendo esse reestudo, que vai apontar quais são os tipos corretos de veículos que devem ser utilizados - afirma o secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi.

Como seria 

  • Os corredores de ônibus seriam construídos entre o Distrito Industrial, na BR-287, e o campus da UFSM, em Camobi
  • O projeto previa a construção de um viaduto no trevo da Avenida Dores, no acesso ao Fórum, para passagem dos veículos
  • Os semáforos da cidade seriam sincronizados para dar preferência ao transporte coletivo
  • Ao longo dos 43,2 km da linha, haveria 20 estações, com distância mínima de 600 a 700 metros entre uma e outra
  • A parada central ficaria na Avenida Medianeira, próximo à esquina com a Rua do Acampamento
  • A estimativa para completar o percurso era de 65 minutos
  • A prefeitura seria responsável, à época, pela compra de 18 veículos, com capacidade de até 120 passageiros cada
  • Tendência em grande metrópoles, os veículos poderiam funcionar tanto por eletricidade quanto por óleo diesel

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